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Brasil deveria ter estratégia de Estado para blockchain, diz especialista

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Atualizado por Airí Chaves
Em meados de 2016, a advogada Tatiana Revoredo pegou o smartphone e começou a navegar em um aplicativo de investimentos. No app, que tinha vários tópicos de discussões sobre produtos financeiros, ela encontrou um fórum sobre criptomoedas.
“Quando li e entendi o que a blockchain era capaz de fazer, fiquei muito impressionada”, disse ao BeInCrypto.
Desde então, Tatiana não parou mais de estudar. Ela se especializou em blockchain na Universidade de Oxford, estudou cibersegurança em Harward, participou de conferências na Europa, publicou livros, montou uma consultoria especializada na área…Ufa! Hoje, a advogada é considerada uma das sumidades brasileiras na área de tecnologias de registro distribuído. Na conversa com o BeInCrypto, Tatiana falou sobre carreira, mercado cripto brasileiro e futuro do setor.

Brasil tem iniciativas promissoras na área de blockchain, diz especialista

Tatiana vê o mercado brasileiro de blockchain e de criptomoedas em expansão. Há, segundo ela, diversos projetos sendo desenvolvidos no meio corporativo. Ela inclusive presta consultoria sobre a tecnologia por meio da Global Strategy, empresa em que é cofundadora.
“Se uma empresa de médio ou grande porte – ou mesmo uma startup – está desenvolvendo um produto ou um serviço que ela quer que seja em blockchain, eu oriento. Mostro se é preciso usar blockchain público, privado ou híbrido. Falo sobre como vai ser o design de incentivo da plataforma etc”, disse.
Além disso,  de acordo com a especialista, o próprio governo tem iniciativas promissoras.
“Uma delas, por exemplo, é a medida provisória que instituiu a meta de governo digital do Brasil, que inclui como um dos objetivos o uso de blockchain para a digitalização de processos”, disse.
Outra iniciativa positiva citada por Tatiana é a discussão sobre a regulamentação das criptos (PL 2303/2015). Tanto o Senado quanto a Câmara dos Deputados discutem essa questão.
“Eu acho sim que o Brasil tem um caminho promissor. Acredito, também, que a blockchain vai estar muito presente na vida das pessoas e em aplicativos que usamos no dia a dia”.

Blockchain deveria ser estratégia de Estado, diz Tatiana Revoredo

empresas de blockchain De acordo com a especialista, no entanto, o nível da discussão no país ainda está aquém de outros lugares.
“Enquanto aqui no Brasil a gente ainda está discutindo regulação de criptomoedas, você vê a Europa lançando um programa de incentivo para a economia digital, incluindo criptoativos como um dos pontos centrais para essa política de economia digital”.
Ela mencionou ainda o estado do Wyoming (EUA), que debate se companhias podem usar blockchain para abertura de empresas. Por lá, lembrou Tatiana, o governo acabou de passar uma regulamentação que possibilita a criação de bancos de criptoativos.
“O Brasil está no comecinho de tudo. Talvez, por causa disso, perca um espaço muito grande para atrair a indústria de blockchain, que vai impactar os países e tem sido usada como ferramenta de desenvolvimento”, opinou.
Para acelerar a adoção das tecnologias descentralizadas no Brasil, Tatiana disse que os políticos deveriam se envolver mais na área, principalmente, de acordo com ela, os membros do Legislativo.
“A gente tem que ter uma estratégia de Estado para blockchain, e não uma estratégia de governo”, falou.

População brasileira precisa de melhor educação financeira

Durante a entrevista com o BeInCrypto, Tatiana também tocou em outro assunto que reflete na criptoeconomia: a educação financeira.
“As pessoas no Brasil precisam aprender mais sobre finanças e criptomoedas. Além disso, acho que devem começar a tomar suas próprias decisões financeiras. Eu percebo que os brasileiros querem sempre que alguém invista por eles. E isso é muito ruim, porque você acaba abrindo uma avenida enorme para as pessoas caírem em golpes”, disse.
Ela lembrou ainda que o conceito do Bitcoin, por exemplo, é que o indivíduo seja seu próprio branco. Além disso, falou, a ideia é que a pessoa fique com suas criptos armazenadas em uma wallet.
“Eu vejo, no entanto, um interesse muito grande das pessoas em deixar as criptos delas nas exchanges. Não que as corretoras não sejam boas, mas é o inverso do propósito da moeda criada por Satoshi Nakamoto”, completou.

blockchain

Blockchain e Harley

Além de tocar a consultoria Global Strategy, Tatiana também desenvolve muito conteúdo sobre blockchain. Produz artigos, fala com a imprensa e escreve livros – dois já foram publicados e outro está previsto para novembro deste ano.
Grupo Ladies of the Road. Foto: Reprodução/Facebook
Enquanto não “respira” blockchain, Tatiana disse que gosta de pegar sua Harley Fat Bob 2018 e sair pelas estradas. Ela faz parte do Ladies of the Road, um grupo de 700 mulheres “harleyras” que viajam pelo Brasil e por outros países.
“Eu ainda estou me aventurando aqui perto de São Paulo, onde vivo, mas logo logo quero ir para Uruguai e Argentina”, finalizou Tatiana Revoredo.
Este texto faz parte da série Personalidades Brasileiras da Indústria Cripto, desenvolvida pela equipe do BeInCrypto. Pelo menos uma vez por mês, vamos publicar entrevistas e conversas com profissionais que têm ajudado a desenvolver o mercado nacional de blockchain e de criptomoedas.

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Lucas Gabriel Marins
Jornalista desde 2010. Já colaborei para diversos veículos, como Gazeta do Povo, Agência Estadual de Notícias (AEN) e Paraná Portal. Escrevo regularmente para o UOL e para outros portais especializados em criptoeconomia. Tive meu primeiro contato com o mercado de criptomoedas em meados de 2019, quando comecei a cobrir casos de golpes financeiros. No BeInCrypto, produzo e edito textos.
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