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Bitcoin e criptomoedas recuam: entenda os motivos por trás e como aproveitar

8 mins
Atualizado por Paulo Alves

Nos últimos dias, os investidores de criptoativos presenciaram um recuo, praticamente em conjunto, das principais criptomoedas no mercado. Em termos técnicos, este tipo de movimento retroativo no preço dos ativos no mercado de investimentos é comumente chamado de pullback, ou movimento de correção. Apesar de ser extremamente comum – e até necessário para manter o equilíbrio do mercado -, muitas pessoas se desesperam nesses momentos e podem acabar tomando decisões por impulso, que podem custar toda a sua estratégia de investimentos. 

O Bitcoin atingiu, em abril de 2021, a sua máxima histórica, no valor de US$ 62.270, na Coinext chegou  a ser cotado a aproximadamente R$ 370.000. Após atingir este valor, ao longo dos meses seguintes a moeda foi se reajustando, passando por correções que causaram algumas quedas em seu preço, mas, logo em seguida, se recuperava e conseguia se manter numa certa faixa no gráfico.

Ao final do mês de abril, por exemplo, mesmo período em que ele atingiu sua ATH (all time high – maior valor histórico), a moeda passou por uma correção e retornou ao valor de US$ 50 mil no começo de maio e conseguiu subir mais um pouco, permanecendo na faixa dos US$57 mil. A partir de então, o carro chefe das criptomoedas entrou numa correção e o mês de maio ficou marcado pelo recuo de, até então, aproximadamente 30%, em comparação ao valor que iniciou o mês e a sua atual cotação no momento em que escrevo esse artigo, de US$39.512. 

Além disso, como de costume, as principais altcoins do mercado acompanharam o movimento do Bitcoin e também recuaram suas cotações consideravelmente. A desvalorização praticamente simultânea das criptomoedas certamente contribuiu para que um clima de histeria e pânico generalizado se instalasse nos investidores, sobretudo,  aqueles que entraram no mercado há pouco tempo.

Assustados com os altos valores percentuais de queda nas moedas, observamos um forte movimento de saída de suas posições por aqueles que temeram ter perdas substanciais, acreditando que este cenário de baixa poderia se prolongar por muito tempo e que esta era a melhor alternativa. 

A verdade é que tomar decisões rápidas nos seus investimentos, de cabeça quente e por puro impulso, nunca é a melhor alternativa. Mais do que nunca, nestes momentos devemos nos lembrar de alguns pontos que são cruciais nos criptoativos e até mesmo em investimentos de ações e ativos de maior risco. O primeiro ponto que gostaria de ressaltar é algo que discutimos constantemente, mas que é facilmente esquecido no dia a dia: a altíssima volatilidade dos criptoativos. 

Essa característica marcante das criptomoedas lhes confere alta capacidade de oscilar seus preços em pequenos espaços de tempo, o que ressalta ainda mais em períodos de queda. Portanto, parte deste movimento que elas têm no gráfico é totalmente natural e justificável. Além disso, os ativos se movem em ciclos, ou seja, ora estão em tendência de alta (Bull Market), ora estão em tendência de baixa (Bear Market) e é exatamente esse movimento que guia a dinâmica do mercado.

Portanto, a desvalorização nem sempre será obrigatoriamente negativa, ela é necessária para que os investidores consigam dar entrada no mercado e manter a demanda pelo ativo. Se o ativo ficasse 100% do tempo apenas em alta, seria bem mais difícil mantê-lo equilibrado e ter pessoas interessadas em ingressar no mercado. 

É claro, as tendências podem sofrer alterações pelo caminho, sendo influenciadas por fatores externos, do macro mercado. O que aconteceu com o Bitcoin e algumas altcoins nas últimas semanas teve uma parcela de influência por fatores externos, que acabaram interferindo no curso das moedas. Vamos entender melhor quais foram esses fatores logo abaixo.

Por que as moedas caíram?

Como dito acima, pode acontecer de alguns fatores relacionados ao mercado externo influenciarem no curso das criptomoedas. A respeito dessa desvalorização que houve em maio, podemos observar que houve sim alguns fatos importantes que reforçaram a queda das moedas. 

Efeito Elon Musk

elon musk twitter bitcoin

O primeiro ponto que gostaria de ressaltar também não é algo inédito, mas sim uma cena que já vimos acontecer algumas vezes no universo cripto e no mercado financeiro como um todo: declarações polêmicas do bilionário Elon Musk. 

Declaradamente amante e apoiador das criptomoedas, o CEO da Tesla e da Space X, que conta com mais de 45 milhões de seguidores nas redes sociais, constantemente se manifesta sobre o assunto e impacta o mercado.  Em janeiro deste ano, Musk causou uma valorização de 20% no Bitcoin ao adicionar a hashtag #bitcoin em sua bio no Twitter. Também movimentou a Dogecoin ao publicar diversos tuítes em favor da moeda e de sua ativa comunidade. Além disso, em fevereiro anunciou um aporte bilionário em bitcoins, em nome de sua empresa Tesla. O resultado foi a moeda alcançando o que até então era seu ATH a U$46.500. 

Apesar de muitos terem comemorado as expressivas subidas da moeda na época, nós da Coinext alertamos os clientes para uma possível manipulação do mercado por parte de Musk. Agora, novamente as  manifestações do bilionário  influenciaram no mercado. Ele voltou atrás sobre uma decisão que havia tomado há cerca de dois meses, quando afirmou que aceitaria pagamentos para a Tesla em bitcoins.

O recuo na decisão foi justificado pelo empresário, que após ser pressionado por parte de investidores e ambientalistas, disse não apoiar os impactos ambientais causados pela mineração do Bitcoin, que necessita de muita energia elétrica para acontecer. Além do fato de que a Tesla é uma empresa com foco em energia limpa e está dando sinais de que quer seguir na linha de frente em questões ambientais, sociais e corporativas. Após tal declaração, o Bitcoin caiu cerca de 10%. 

Muitos investidores saíram do mercado após os comentários de Musk, com medo de que a Tesla se desfizesse de seus bitcoins e, consequentemente, houvesse um recuo na percepção institucional do valor das criptomoedas. Porém, o próprio Elon Musk foi a público esclarecer que não se desfez de seus ativos digitais, mas o frenesi já havia sido instalado, pois seu comentário gerou muita dúvida e insegurança naqueles que o acompanham.

Proibições do governo chinês

Um segundo motivo que contribui também para a queda mais atenuada nas criptomoedas, neste mês, foi o fato de o governo chinês ter proibido, na terça-feira, 18 de maio, instituições financeiras e empresas de pagamento de fornecerem serviços relacionados a transações com criptomoedas. Muitos especialistas estão afirmando que esta decisão foi tomada numa tentativa de proteger o yuan digital, moeda fiduciária da China porém representada digitalmente, e também para manter maior controle do governo sobre os fluxos de dinheiro dentro do país. 

Esses foram os dois grandes motivos que levaram o Bitcoin a uma desvalorização neste mês de maio. Há ainda alguns acontecimentos menores, mas que também podem ter tido influência sobre esta mudança no curso das criptos. 

Ação contra o Tether (USDT)

No começo deste ano, a procuradoria geral de Nova York abriu uma ação contra a iFinex, empresa dona da exchange Bitfinex e da Tether Foundation, emissores da stablecoin USDT, criptomoeda lastreada ao dólar. A ação alega que a empresa fez uso indevido de milhões de dólares para a emissão do Tether, que é a maior stablecoin do mundo e a quarta maior criptomoeda em termos de capitalização de mercado.  E há ainda alguns levantamentos que dizem que menos de 3% do montante da capitalização de mercado do Tether são lastreados por dinheiro em caixa. Como uma parte considerável dos investidores utilizam Tether para adquirir Bitcoin e outras criptos, é compreensível que esta situação tenha afetado o curso das demais moedas.  

tether usdt

Reflexos do mercado tradicional

E por último, há ainda a possibilidade de uma crise no mercado de investimentos tradicionais ter causado algumas consequências no mercado cripto também. Investidores preocupados com uma possível inflação estariam abrindo mão de qualquer investimento com riscos mais atenuados, o que, é claro, envolve as criptomoedas. Isso fez com que estas pessoas se voltassem para ativos de reserva de valor tradicionais. Não à toa, no mesmo período em que foi registrado essa queda na cotação das criptomoedas, o ouro teve uma valorização de 12% no mercado.

Como agir nestes momentos?

Em cenários como esse que estamos enfrentando no mercado de criptos atualmente, é muito comum ceder às sensações de desespero e incertezas, sobretudo quando somos bombardeados a todo momento por notícias radicais e muitas vezes tendenciosas, que nos levam a acreditar que tudo está perdido. Volto a reforçar a importância de termos em mente que o mercado precisa desses movimentos de alta e de baixa, por uma questão de equilíbrio entre as demandas por compra e por venda. 

Com certeza não é tarefa fácil manter-se calmo e concentrado em situações que envolvem nosso dinheiro, mas agir impensadamente pode comprometer os seus objetivos para com os investimentos. Seguir o que outras pessoas estão fazendo ou aconselhando também não é ser estratégico, é basicamente adentrar ao efeito manada e deixar-se levar por uma histeria coletiva.  

Uma sensação comum que acomete os traders em momentos delicados é o FOMO, sigla para fear of missing out, em português, medo de ficar de fora. Essa expressão busca externalizar a sensação que temos de estar perdendo uma oportunidade única em nossa vida, oportunidade que muitas vezes parece que todos estão seguindo. Por exemplo, quando vemos várias pessoas saindo do mercado e tem-se a impressão de que apenas você não está saindo, e que algo está errado com isso.

Perceba que, até mesmo o fato da China ter proibido transações com criptomoedas é um forte indicativo da força cada vez maior desse mercado. Ao reforçar seus planos de lançar sua própria moeda digital, o país expõe e acaba endossando e fortalecendo o mercado como um todo, ainda que isso tenha sido repercutido de forma negativa nesse momento. Portanto, é um paradoxo que devemos considerar. Afinal, ainda que com a proibição das instituições financeiras aceitarem transações em cripto dentro do país, na prática é impossível impedir que os chineses deixem de investir ou de fazer transações internacionais com estes ativos.

Portanto, a melhor coisa a ser feita em momentos como esse é tentar manter-se o mais fiel possível à sua estratégia de investimentos, que por sua vez deve ser alinhada às suas expectativas e objetivos, seu perfil de investidor e sua realidade financeira. 

Bitcoin vai subir?

Apesar de termos notado a saída de muitos investidores novos do mercado nessa queda das criptomoedas, os mais experientes e que possuem objetivos para longo prazo aproveitaram o momento para entrar em posição de acumulação e aguardar uma nova valorização das moedas, assim que o período passar, estratégia conhecida como “Buy and Hold”. Afinal, como o Bitcoin é um ativo escasso e deflacionário, com o passar do tempo ele tende a se valorizar. 

Por mais que no momento o cenário ainda não seja tão positivo, a moeda já demonstrou alguns sinais de recuperação, como era esperado. No dia 19 de maio, o Bitcoin bateu US$33.343, e, no dia 20 de maio, quando comecei  a preparar este artigo, ele já estava sendo cotado a US$41 mil, aproximadamente. Até hoje, já houveram vários movimentos de preços, com mais quedas e outras recuperações, porém sem quebrar a nova zona de suporte que se formou em torno dos US$33 mil. 

Além disso, os ‘hodlers’ do mercado estão confiantes de que esta declaração da China na tentativa de reprimir o mercado não vai afetar a adesão das criptomoedas ao redor do mundo. Trata-se de situações circunstanciais que a longo prazo tendem a não afetar tanto os criptoativos.

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José Artur Ribeiro, CEO da Coinext
É um dos fundadores e CEO da Coinext. Economista formado pela Università di Roma (Itália) e investidor em criptomoedas desde 2014. Possui mais de 15 anos de experiência em cargos de liderança. Foi CFO da Hexagon Mining e CFO da Vodafone Brasil. Trabalhou também em multinacionais como Airbus Industries (França) e PricewaterhouseCoopers (Itália e Brasil).
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