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Como usar a volatilidade das criptomoedas estrategicamente

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Atualizado por Paulo Alves

Você sabe o que é volatilidade? Entende como isso impacta diretamente nos seus investimentos?

Se você investe em cripto ativos com certeza este é um termo que você já deve ter escutado algumas vezes. Entender o termo por completo e conseguir ter cartas na manga para quando a volatilidade vier deve ser o objetivo de todo trader de criptomoedas. Neste artigo vou explicar o conceito deste termo tão presente no cotidiano dos investidores, quais os impactos essa característica pode trazer para sua estratégia, como você pode driblar os efeitos negativos e como está sendo o cenário do Bitcoin nos últimos meses em termos de volatilidade.

No contexto econômico-financeiro, volatilidade é um indicador do ativo ou derivativo financeiro que mensura a intensidade da capacidade de variação de preço em um determinado período de tempo. É ela quem confere aos ativos, como o Bitcoin, a Ethereum o Bitcoin Cash e outras criptomoedas a capacidade de variar a cotação de seus preços naturalmente, ou seja, de uma forma que acompanhe a dinâmica do próprio mercado.

Em termos mais técnicos, a volatilidade é a variável que analisa a intensidade, a velocidade e a frequência com que o ativo varia. Pode ser calculada pelo desvio padrão médio do ativo e sua rentabilidade diária, em determinado período. O desvio padrão médio é calculado a partir das altas e baixas que o ativo teve no período, e assim temos a variação em porcentagem.

Quanto mais um ativo tem essa capacidade de variar o preço, maior é a sua volatilidade.

Mas, para além disso, a volatilidade pode ser útil para nos ajudar a entender o nível de risco da operação ou do próprio ativo. Por isso, muitos investidores têm o costume de se apoiar numa análise de volatilidade para entender as movimentações nos preços de seus investimentos e estruturar um possível cenário, ou seja, uma tendência que o ativo está seguindo ou não.

É importante também termos em mente que a volatilidade nos ajuda a ter uma noção de como pode ser a rentabilidade do ativo em tal período, porém a volatilidade em si não é garantia de lucro, ou de uma operação de sucesso. Mas, entender este indicador dos ativos em que você investe pode ser muito útil para te dar um norte e você conseguir entender se o ativo está passando por uma tendência de alta, de baixa ou simplesmente está lateralizado, ou seja, com o preço mais estável.

O melhor jeito de ter um entendimento holístico do mercado é analisar a volatilidade do ativo em conjunto com demais indicadores que possam lhe fornecer informações mais assertivas e uma visão dinâmica do mercado. Afinal, no universo dos investimentos tudo está interligado, analisar isoladamente algum indicador pode não trazer respostas muito interessantes. Por este motivo é muito importante entender a fundo como se faz uma análise gráfica (ou técnica), acompanhar portais de notícias sérios e se manter informado sobre economia e finanças, em geral.

Como isso afeta sua estratégia?

Bom, se já entendemos que quanto maior a volatilidade de um ativo, maior é a sua facilidade para variar seu preço no mercado, conseguimos ter mais facilidade para enxergar tendências e ter um relacionamento mais saudável com os riscos.

Sim, é possível ter um relacionamento saudável com os riscos dos seus investimentos, afinal todo e qualquer tipo de investimento vai envolver algum risco, não tem como fugir disso. Porém, muitos investidores evitam ao máximo pensar no risco e encará-lo de frente, sendo que a partir do momento que você se dispõe a jogar com o risco, e não contra ele, você abre novas possibilidades e oportunidades. A possibilidade de você conseguir mensurar o risco das operações é o principal ponto da volatilidade.

Sabemos que é desconfortável discutir sobre como estamos arriscando nosso dinheiro e cenários não muito atrativos que podem acontecer, mas é importante e demonstra maturidade. Além disso, o risco também existe para o lado positivo, pois você corre o risco tanto de lucrar quanto de não ter lucro ou até ter prejuízo.

A mesma coisa acontece com a volatilidade, especialmente para os traders de cripto, que focam em estratégias de curto prazo, como o Day Trade ou Scalping Trade. A volatilidade é justamente o que torna possível que estes investidores tenham lucro nas operações diárias, cada variação nos preços representa uma oportunidade de entrada e saída do mercado.

Existe a volatilidade natural das criptomoedas, que faz com que tenham oscilações praticamente todo dia em seus preços, e também existe a variação que foi causada por algum agente externo, algum aporte institucional muito grande, mudanças em legislações, escândalos ou notícias bombásticas podem afetar o curso que a moeda estiver seguindo. Se você possui um bom entendimento e boa capacidade analítica, consegue diferenciar se o que está acontecendo é realmente apenas a volatilidade natural do ativo ou se são indícios de uma nova tendência ou de uma possível reversão.

Como usá-la a seu favor

Se você entende o que é a volatilidade e sabe analisá-la em conjunto com outros indicadores, inclusive o risco, você também desenvolve, eventualmente, a habilidade de manobrar sua estratégia caso seja pego por uma súbita alteração no preço.

A alteração nos preços da moeda, mesmo quando negativa, não precisa necessariamente significar prejuízo. É possível usá-la para investir na compra de moedas que passaram algum tempo em alta e também para dar entrada em uma nova alocação, caso queira expandir e variar seu portfólio. Essas quedas são completamente normais e até saudáveis para o mercado “respirar um pouco”.

Se você se planejar e se dedicar à análise técnica, existem várias estratégias que podem ajudar a prever quando a moeda poderá entrar em queda. É claro que a volatilidade está aí para nos mostrar que existe certa imprevisibilidade e que não há garantia de nada, mas precisamos estar minimamente preparados para isso.

Alguns exemplos destas estratégias são o suporte e a resistência, entender conceitos como Pullback e reversão de tendência, topo duplo, ondas de Elliot e a Teoria de Dow. São técnicas que trazem observações sobre alguns sinais que o ativo pode dar quando estiver prestes a mudar de tendência ou sofrer alguma alteração. É interessante se inteirar dessas técnicas e colocar em prática para tirar suas próprias conclusões sobre o comportamento daquele ativo.

E além das estratégias, existem certos mecanismos e ferramentas que também podem auxiliar com a volatilidade. Você já ouviu falar do Stop Loss e Stop Gain? Na tradução para o português, significa parar ganho e parar perda. É uma ferramenta que ajuda o investidor a se precaver das súbitas alterações das moedas. Através dela é possível programar a venda e a compra automática de alguma cripto, de modo que as ordens só vêm a ser executadas no momento em que atingirem um valor que pode ser pré-determinado por você. Com o stop loss você consegue mitigar o seu prejuízo durante uma queda, saindo antes que a moeda desvalorize mais. E pelo stop gain, consegue garantir seu lucro em uma estratégia saindo antes que a tendência de alta entre em reversão e você perca a oportunidade de lucrar.

O que causou a alta volatilidade do Bitcoin em 2020 e 2021?

Muitos tem dúvidas e inseguranças sobre entrar ou não no mercado cripto. Alguns acreditam que seja apenas uma bolha, similar ao que aconteceu em 2017 e que os riscos não compensam; Já outros acreditam que realmente está havendo uma maior consolidação dos cripto ativos no mercado de investimentos como um todo, com base no comportamento das moedas nos últimos meses, que bateram recordes históricos seguidas vezes.

Alguns fatores e eventos que se sucederam em 2020 e agora no início de 2021 podem ter sido os grandes responsáveis pelo aumento da volatilidade do Bitcoin nesse período e impulsionado a maior valorização da moeda em toda sua história.

O primeiro ponto que gostaria de levantar é sobre a mudança no perfil e nos objetivos dos investidores do mercado cripto. O que aconteceu com o Bitcoin em 2017, quando ele teve o que era até então sua ATH (all time high, que significa máxima histórica) foi uma entrada brusca de novos investidores no mercado, movidos sobretudo pela súbita valorização expressiva que a moeda teve, na época chegou a valer 20 mil dólares. Com isso, muitos entraram despreparados, com pouco conhecimento sobre a dinâmica do mercado e expectativas desalinhadas, de lucrar no curtíssimo prazo, que acabaram não sendo atendidas.

Frustrados com este cenário, os investidores acreditaram que o Bitcoin se tratava de uma bolha e saíram do mercado na mesma rapidez em que entraram. O que estamos vendo em 2020 e 2021 é um contexto diferente, com um público de investidores com atitudes mais maduras. São pessoas que estão buscando realmente se aprofundar nos conhecimentos, que se identificam com a proposta descentralizadora das criptomoedas, com objetivos mais sólidos e visão a longo prazo.

Contar com este tipo de investidor, com este novo perfil e expectativas, faz toda a diferença na consolidação da moeda no mercado financeiro e de investimentos, bem como na sua volatilidade. A longo prazo, quanto mais investidores comprarem a ideia do Bitcoin e de demais cripto ativos, mais as moedas tendem a se estabilizar e a oscilar de maneiras mais sutis.

Além disso, 2020 e estes primeiros meses de 2021 têm sido marcantes para as criptomoedas. Estamos presenciando também uma maior movimentação por parte de instituições e empresas icônicas declarando seu apoio às moedas e alocando aportes bilionários em cripto ativos, como foi com a Tesla, JP Morgan, Visa e muitas outras. Além de movimentar o mercado este tipo de ação também influencia no fortalecimento das moedas perante a sociedade.

A volatilidade neste caso não se restringe somente ao Bitcoin ou à moeda que a empresa investir, pois foi constatado nas últimas variações que as moedas estão de certa forma acompanhando o Bitcoin, carro chefe das criptos. Ao ser valorizado, o Bitcoin impacta nas demais altcoins e elas também se valorizam. Da mesma forma acontece com as correções, ao passar pelo Pullback o Bitcoin também leva as altcoins para o movimento de correção.

Quer um exemplo prático? Então vamos lá!

Suponha que você vai investir em Bitcoin e identificou que, na sua corretora, a moeda teve uma variação positiva de 10% na moeda nas últimas 24 horas. Infelizmente você não havia comprado a moeda e portanto, traçou estratégias para comprá-la, caso o preço baixasse um pouco.

No período da tarde você identificou que a moeda caiu seu preço em 5%, portanto foi no home brocker da sua corretora e programou uma ordem de compra. Algumas horas depois você conferiu novamente o preço e o Bitcoin havia se valorizado 15% desde a sua compra. Logo você programou sua ordem de venda e conseguiu que ela fosse executada rapidamente, vendendo todo o aporte de bitcoins que havia comprado mais cedo. Somente nessa operação você conseguiu lucrar 10% por conta da volatilidade do Bitcoin.

Lembrando que, este é apenas um exemplo fictício para você entender como funciona a volatilidade e o que ela pode te proporcionar.

Por fim, um terceiro evento bem expressivo no impacto da valorização do Bitcoin é o halving que a moeda sofreu em 2020. Halving é o processo pré-definido que a moeda passa, aproximadamente de 4 em 4 anos, que corta pela metade a quantidade de bitcoins que são pagos aos mineradores pela recompensa do trabalho. Ou seja, de 4 em 4 anos a quantidade de bitcoins que é inserida no mercado cai pela metade, o que torna a moeda ainda mais escassa, valorizando seu preço. Este processo também evita que a moeda se inflacione e lhe confere propriedades para funcionar também como uma reserva de valor. Os efeitos de alta no preço do Bitcoin após um halving podem durar até 16 meses após o ocorrido.

Existem outros fatores ainda que influenciam na volatilidade do Bitcoin e das outras criptos, e que podem estar por trás dessa grande alta, como o impacto que a mídia causa, com notícias tendenciosas ou declarações inadequadas e a própria dinâmica do mercado, que é ininterrupto e não funciona com pregões que abrem e fecham, como acontece com o mercado de ações.

Portanto, tudo isso reflete também na volatilidade das criptomoedas e em seus movimentos. Existem uma infinidade de indicadores e eventos, internos e externos que podem vir a afetar a volatilidade das criptomoedas. Em alguns casos, munidos da estratégia correta e dos mecanismos ideais, é possível escapar dos prejuízos e das variações bruscas sem maiores estragos. Mas, também é importante termos em mente que esta é uma característica naturalmente acentuada dos cripto ativos, necessitamos dela para que o mercado siga seus ciclos de forma saudável.

Diversas plataformas de negociação oferecem stop automático para você se preparar da melhor forma e se manter um passo à frente da volatilidade das criptomoedas, uma delas é a própria Coinext.

Disclaimer: as opiniões aqui expressas são exclusivamente do(s) autor(es), não necessariamente representando as opiniões do BeInCrypto ou de seus editores.

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José Artur Ribeiro, CEO da Coinext
É um dos fundadores e CEO da Coinext. Economista formado pela Università di Roma (Itália) e investidor em criptomoedas desde 2014. Possui mais de 15 anos de experiência em cargos de liderança. Foi CFO da Hexagon Mining e CFO da Vodafone Brasil. Trabalhou também em multinacionais como Airbus Industries (França) e PricewaterhouseCoopers (Itália e Brasil).
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