A Visa anunciou planos para continuar relevante no Brasil após a chegada do Pix, que deve sacudir o mercado de cartões. Entre as apostas está o aguardado WhatsApp Pay, do qual é uma das companhias parceiras.
O gerente da Visa para o Brasil, Fernando Teles, considera que o Pix não irá atrapalhar o sucesso do WhatsApp Pay no país. Em entrevista à Jovem Pan na última terça-feira (13), ele comenta que vê os métodos de pagamentos como complementares.
Tudo hoje concorre e tudo se integra, o famoso “coopetition”. A gente entende que o Pix é mais uma alternativa. Da mesma forma que você só podia antigamente fazer compra usando o seu cartão e hoje tem um relógio, tem a carteira, tem o celular, [agora] tem o pagamento instantâneo.
WhatsApp Pay é sobre usabilidade e segurança, diz Fernando Teles
O executivo da Visa explica que a usabilidade e a segurança do WhatsApp Pay serão seus maiores atrativos. Cada usuário terá um número único de cartão gerado a cada transação para evitar fraudes. Além disso, a facilidade de transferir teria tudo para atrair milhões de usuários.
O WhatsApp não tem uma carteira, é como se fosse um grande diretório [de contas]. O grande apelo é a experiência do usuário.
O WhatsApp Pay foi suspenso pelo Banco Central logo após ter sido anunciado em junho. O justificou a decisão apontando preocupação com possível oligopólio. Além disso, o BC disse que a medida não tem relação com o Pix – pouco antes, o Facebook já havia dito que integraria a solução do Bacen.
De todo modo, o WhatsApp Pay será uma realidade em breve. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, confirmou que o sistema será liberado, mas não especificou um prazo.
Enquanto a Mastercard anuncia sua própria solução de pagamentos instantâneos, a Visa aposta no aumento do bolo de adeptos de pagamentos digitais para que WhatsApp Pay e Pix sejam bem sucedidos conjuntamente.
A gente entende que isso [Pix] também é mais uma avenida sendo aberta para você ter mais participantes, mais inclusão. Tanto o Pix quanto o WhatsApp Pay são inclusivos. Eles trazem uma população que não estava necessariamente fazendo parte desse circuito de transferência. Essas pessoas estavam usando dinheiro em espécie.
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Visa também quer ‘tirar uma casquinha’ do Pix
Outra estratégia da Visa é aproveitar o momento e subir no barco do Pix. A empresa planeja, por exemplo, oferecer serviços de prevenção a fraudes e autenticação de transações.
A expectativa é que golpes envolvendo o Pix devem se proliferar. Afinal, hackers já começam a atuar mesmo antes do lançamento. A demanda por proteção adicional, portanto, só aumentaria com o tempo.
À agência Reuters (via Estadão), Teles confessa que a Visa tem a meta de obter dois dígitos de receitas em serviços de tecnologia. Além disso, a empresa vem investindo em blockchain. Nos EUA, a companhia já processa pagamentos de bandeiras de cartões menores em rede criptografada.